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Gate: E assim as forças de autodefesa lutaram

Gate é uma light novel em série escrita por Takumi Yanai e publicada pela editora Alphapolis. A adaptação para anime foi produzida pelo estúdio A-1 Pictures tendo início de transmissão em 04 de julho de 2015 com um total de 24 episódios divididos em duas temporadas sendo exibidas por várias redes Tokyo MX, TVA, MBS, BS11, AT-X e simultaneamente para o resto do mundo pelo serviço de streaming Crunchyroll incluindo legendas em português do Brasil. Confesso que demorei a assistir esse anime, sempre o vi várias vezes nas propagandas do Crunchyroll mas estava ocupado analisando outros materiais até que um dia pensei "é hora de vê-lo!" Por ser uma indicação do próprio site, deveria ser bom! E não me decepcionei.

Gate teve nota 7.92/10 no Myanimelist com mais de 172.000 votantes e 4.3/5 no Crunchyroll pelo menos até aqui.

Yoji Itami está com 33 anos e sua vida é dividida em duas grandes áreas, o seu trabalho como militar e seu hobby otaku de colecionar animes e mangás. Ele já se apresenta para nós com a seguinte afirmação "o meu hobby é mais importante que meu trabalho, se tiver de escolher entre os dois ficarei como meu hobby". Itami dirige-se de trem para o maior evento de mangás e animes do Japão e tudo estava transcorrendo muito bem até que do nada surge como mágica um portão no meio da rua e criaturas bizarras aliadas a soldados da idade média começam a invadir o local e matar pessoas, era uma invasão militar de outro mundo! As forças militares de autodefesa do Japão, as quais Itami é integrante, são chamadas a intervir e resolvem não apenas isolar a área como também programar uma expedição de exploração, domínio e combate a esse novo mundo através do portão.
O plot de Gate de início não parece muito surpreendente ou diferente de outros animes de fantasia que muitos de nós já assistimos mas, isso não ofusca o divertido trabalho apresentado durante os 24 episódios. Nós temos em um único momento o choque contrastante entre dois universos, o humano altamente militar e tecnológico e um novo e desconhecido mundo onde humanos da idade média, elfos, dragões, magos, reis e uma sacerdotisa mirim hentai que adora vê sangue jorrando convivem juntos.:) Temos logo nos primeiros episódios uma cena muito bem dirigida onde o exército dos reinados desse novo mundo resolvem atacar as forças militares de autodefesa do Japão e falham miseravelmente ao enfrentar soldados altamente treinados com fuzis de precisão, lança-morteiros e visores infravermelhos noturnos contra cavalos, arcos, flechas, espadas e um rei sem noção. A qualidade dramática épica da ação junto aos efeitos especiais dos projéteis de rifles voando pelo campo de batalha e recocheteando no vento é um deleite aos olhos e nos passa uma ideia do que está por vir em Gate. Essa é uma estratégia comum dos estúdios, logo de início mostrar algo surpreendente para capturar a atenção de quem assiste e prendê-los na trama.

Nosso amigo Yoji Itami conta com a ajuda de vários companheiros em seu pelotão dividindo o tempo entre planejar os próximos passos ao lidar com as políticas de reis medievais, ajudar refugiados e conversar sobre animes e mangás. A história combina de forma divertida essa mistura no mínimo improvável para um soldado, de fato, embora seja um anime de ação Gate tem um alto e positivo teor cômico. Quatro protagonistas femininas ingressam ao grupo militar de modo a engrossar o caldo ora ajudando em missões ora nos fazendo morrer de rir com as situações complicadas para o coitado do Yoji que aliás estava fascinado pois já era acostumado a vê elfas, magas, reis, lolis e dragões em seus mangás e animes favoritos e agora estava vivendo em um mundo que tinha tudo isso alí, na sua frente: Tuka Luna Marceau é uma garota elfo resgatada por Itami após sua vila ter sido destruída por um ataque de dragão ela tem problemas psicológicos por não aceitar a morte de seu pai usando Itami como válvula de escape para o trauma; Lelei la Rellena é uma aprendiz de mago muito inteligente que encantada pelo mundo humano começa a combinar os seus estudos de magia com o conhecimento tecnológico da terra, Rory Mercury é uma sacerdotisa gótica lolita e hentai que morre de excitação ao vê uma batalha sangrenta e está sempre acompanhada de sua fiel foice ceifadeira. E por fim Piña Co Lada, princesa do império que deseja fazer pazes com o Japão simplesmente por perceber a completa superioridade militar deste em comparação aos arcos, flechas e espadas de seu país. Ela fica pasma ao vê um helicóptero de combate (que ela chamou de pégasus de ferro) pulverizar um batalhão inteiro de rebeldes e os tanques japoneses que não encontrando uma descrição melhor os chamou de elefantes de ferro. Gate, apesar de seu conteúdo cheio de comédia tem algumas cenas um tanto hardcore.

O que nos chama atenção é o cuidado que o criador da obra teve em pesquisar a vida militar japonesa, fica claro que ele quis durante todo o anime não apenas transmitir a ética aplicada a vida militar por lá, seu código de conduta e negociação com um país inimigo subjugado como também mostrar a eficiência tática e estratégica do Japão. O ambiente militar é ao mesmo tempo ousado e corajoso como também hierárquico e organizado, as investidas são bem planejadas e tudo depende de uma aprovação prévia do responsável pelas forças de autodefesa nesse novo mundo. Embora Itami sabiamente haja de modo independente as vezes ele precisa entender que, por razões político-diplomáticas precisa de autorização para algo.

Em Gate, nós temos personagens marcantes que nos fazem querer acompanhá-los durante toda a história. Foi por causa deles, ou melhor delas, que me prendi tanto ao roteiro seja por que são bonitinhos, engraçados ou porque são éticos e comprometidos com alguma causa. Ficamos desejando vê até onde chegarão e como será o desfecho de suas vidas especialmente as personagens femininas como Piña Co Lada, uma princesa muito preocupada como o bem estar de sua nação e Rory Mercury, cujo comportamento um tanto quanto avançado para cima de Itami nos leva a momentos hilários. A ambientação um tanto rústica e medieval é um atrativo a mais. Os personagens militares de Gate também são muito cativantes e não são apenas meros coadjuvantes, foi investido pelo autor um tempo considerável para que suas personalidades e ações fossem exibidas de um modo mais marcante e expressivo.

Acredito que nem todos gostam de animes com temática militar porém, Gate tem seus atrativos e uma comédia muito boa que nos faz querer investir algumas horas para acompanhar a sua história. Vemos o roteiro progredir até um desfecho sobre como se encerrará as negociações de paz entre o Japão e o império tendo inclusive que superar as ações maldosas de um príncipe herdeiro sádico e perverso, uma rainha-coelho (é, é isso mesmo...) que ardilosamente o usa para cumprir sua vingança e o interesse no mínimo sombrio de outros países da Terra que não pretendem deixar todas as riquezas desse novo mundo apenas para o Japão.

Tecnicamente falando, o estúdio A-1 Pictures entregou uma ótima qualidade visual, a animação está dentro da média se mantendo constante na maior parte dos episódios. O estilo visual ganha destaque na expressão facial das personagens femininas especialmente os olhos seguindo aquele padrão kawaii dos japas. Para mim, Gate teve uma química tão boa que confesso, quando cheguei ao episódio 20 já estava com saudades do anime e, claro, em um momento oportuno, porque não, reprisá-lo. Recomendado.

Deseja assistir? O link abaixo é licenciado e basta escolher a língua em português do Brasil no rodapé para ter as legendas em nosso idioma. 


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Valeu, até a próxima.

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